Monday, July 23, 2007

Singapura, cidade-nação, cidade-leão

Princípios de Julho andei a passear por Singapura. É uma cidade, que faz simultaneamente de país também, sem muito para contar. Passei por lá uns poucos dias na ressaca de um congresso de materiais. Na verdade, fui sobretudo para participar num workshop de cálculos DFT aplicados ao estado sólido. Quatro dias para aprender (ou reavivar) as bases do Wien2k. Pormenores técnicos aparte foi uma óptima oportunidade para rever alguns dos meus ex-colegas e amigos assim como o meu Prof. de Cambridge.
A viagem de Tóquio para Singapura demora cerca de seis horas. Desta feita escolhi propositadamente a Singapore Airlines, mesmo sendo o preço que me propuseram umas poucas centenas de yens mais caro que o equivalente da JAL. Mas face a toda a publicidade que e amiúde feita a esta companhia estava curioso. Não me arrependi, tive o melhor serviço de bordo que encontrei até hoje em voos de longa e curta duração. E isto em económica. As imagens dos anúncios correspondem ao que se experimenta nestes voos. Não tenho experiência directa de como eram as viagens de avião há cerca de 30 anos atrás, mas acho que a Singapore Airlines conseguiu talvez manter aquele charme e requinte que era apanágio das companhias áreas nacionais nas décadas de 60, 70. O serviço (e as hospedeiras!) são simplesmente do melhor que já vi. Não me perguntem qual é a fórmula magica da companhia (se calhar muitos subsídios estatais) mas que o resultado final é agradável, lá isso é!
A primeira noite, passei-a num hotel na baixa de Singapura. Depois, o Andrew (Singapura) e a sua mulher (Malásia) serviram de anfitriões, pude pernoitar por cerca de 3 dias em casa deles. Também o checo David veio para a conferência junto com o Colin. Ora encontrámo-nos pois os cinco na mesma altura naquela cidade algo única, bem diferente de todas as outras aqui na região. Dificilmente se repetirá. Singapura é bastante pequena, e devido a isto, tudo está muito bem organizado, mesmo optimizado em termos de espaço e recursos. Não deixam no entanto de se ver alguns espaços verdes (as plantas crescem por todo o lado!) isto mormente o enorme densidade populacional. É preciso não esquecer que fica quase em cima do equador, o que quer dizer que o clima é simplesmente tropical o ano todo. Sem ar condicionado não se respira nem se sobrevive! Esta cidade-nação tem como símbolo o Merlion, ou seja um animal com corpo de sereia, e cabeça de leão. Ninguém me soube explicar como deve ser a sua origem! Aparte isto a cidade tem um porto enorme e serve quase como uma capital financeira e de serviços para toda a região envolvente.
Mas, helas, não tive muito tempo para turismo. De qualquer forma são poucos os monumentos, e verdade seja dita os atractivos locais. Interessante é a mistura absolutamente enorme de etnias asiáticas. Malaios, indonésios, indianos, chineses, etc...quase todos os povos da região estão ali representados. Isto faz desta cidade um caso bastante diferente dos restantes na região. A população é praticamente bilingue, mesmo poliglota, na medida em que tem varias línguas oficiais. O inglês, dos tempos coloniais, é uma delas. As vezes nem parece que estamos na Ásia! Para alem disso há uma forte comunidade britânica aqui instalada.
Melhor seria ter tido tempo para ir a Malásia ou Indonésia, ali mesmo ao lado, literalmente a poucos quilómetros – do topo do edifício mais alto de Singapura facilmente se avistam os dois países vizinhos. A pouco mais de 3 horas de carro, para Norte, fica Malaca, antiga fortificação portuguesa. Disseram-me que ainda se podem encontrar bastante vestígios da presença lusa por aquelas bandas. Talvez para a próxima tenha tempo para ver as Torres Petrona, em Kuala-Lumpur.

De regresso ao Japão, continuo as minhas incursões a Tóquio. No mes passado fui convidado para um jantar volante na residência do embaixador português para comemorar o Dia de Portugal. A casa estava cheia e fiquei finalmente a conhecer mais portugueses aqui residentes. Claro que a grande maioria vive em Tóquio! Pelas contas da embaixada não chegamos aos 100 no país inteiro...e dizer que fomos dos primeiros a aqui chegar! Há umas semanas atrás, fui de novo ver Kabuki. Desta feita não me impressionou tanto com anteriormente. Acho que da próxima tenho de tentar No mas este é ainda mais complicado! Finalmente, esta semana, encontrei mais um restaurante português, desta feita chamado Vilamoura. Fica no distrito de Ginza, uma espécie de bairro para ricalhaços com lojas da Chanel, Hermes, Ferrari, etc, etc. Caro mas o ambiente e comida eram bons.
Até a próxima!

Sunday, July 01, 2007

Bacalhau com Sumo (não, não é da Compal!)

Há cerca de umas semanas atrás (algumas...) fui assistir a um torneio de sumo com uns amigos meus (Olivier e Richard, dois franceses). Na altura faltou-me o tempo para relatar a história mas aqui fica.
Os torneios de sumo ocorrem seis vezes ao ano, geralmente mudando amiúde de cidade. Assim em Maio temos um dos três Torneios de Tóquio estando agora em Julho a decorrer o Torneio de Nagoya. Estas competições duram cerca de duas semanas e os lutadores são supostos lutarem entre si, nas suas diferentes divisões e em média uma luta por dia, de modo a ganharem pontos/combates. No fim, junto com as disposições das tabelas de lutadores, é declarado o campeão do Torneio. Consoante of número de combates e torneios ganhos o lutador poderá depois subir de divisão e eventualmente chegar à muito ambicionada e milionária posição de Grande Campeão, Yokozuna. Nesta, existe presentemente apenas um lutador, Asashoryu. Escusado será dizer que estes monstros de quase 2 metros e cerca de 200 kg, são adorados como semi-deuses pelos japoneses. São grandes mas longe de serem lentos. Para alem de uma forca extraordinária são extremamente ágeis e de uma flexibilidade espantosa. Na verdade todos eles têm de fazer a esparregata! Uns Van Dammes um pouco mais gordos, só isso! Mas o que me mais espantou foi de facto de haverem alguns europeus também inscritos como lutadores (a lista inclui búlgaros, georgianos, etc). Ao que parece há uma actividade forte de sumo na Europa, embora pouco desconhecida do público em geral.
Escolhemos o primeiro dia do torneio (para os últimos, fica quase impossível arranjar bilhetes) e começámos logo pelas 10h00 da manha a ver os combates das divisões juniores. Estes são ainda aprendizes, amadores que almejam chegar ao escalão Juryo. Assim ficámos até por volta da 1 da tarde quando começaram as divisões de médio escalão. A partir das 4 e até as 6 tivémos portanto a primeira divisão de lutadores. Aqui a sala encheu-se de espectadores. Logo pela manha a audiência era um espectáculo um tanto desolador pois poucos vêm assistir aos duelos a estas horas. Tínhamos uns lugares de bancadas tipo primeiro andar. Havia também plateia mas aqui os lugares são tipo japones (tem-se de se sentar no chão de pernas cruzadas todo o dia!). Alem de desconfortáveis, são caros e pouco espaçosos. Mas há os que pagam uma pequena fortuna para estarem nas primeiras filas logo ali ao lado da arena. E ainda se sujeitam a terem os lutadores lançados para cima deles, quando estes vêm projectados da arena. Ora levar com uma massa de 200 kg não é coisa que eu me queira arriscar! Ficava logo com os ossos feitos em puré!
Aparte as aventuras de Sumo, finalmente fui experimentar um dos poucos restaurantes portugueses de Tóquio. Recentemente dei-me conta que existem pelo menos dois restaurantes e, ao que parece são, do mesmo dono. Um serve como restaurante normal, o outro como casa de fados! Fui ao primeiro e não fiquei assim tão desagradado. Claro que a comida e adaptado ao gosto dos nipónicos mas sabe bem ver uma sala forrada de fotos de Lisboa, Galos de Barcelos e vinhos lusos. Engraçado, o cozinheiro era de Macau, o que explicava alguns dos pratos tipo fusão luso-oriental na ementa (para os curiosos: http://www.pjgroup.jp/manuel/).