Tuesday, November 13, 2007

A arte dos samurais – policia e Tarantino.

Na senda das actividades culturais para cientistas estrangeiros (organizadas pelo NIMS), houve uma classe de introdução ao Kendo. Para quem não saiba, esta é uma forma de arte marcial que tem origem por volta do sec. 12 com os primeiros samurais do período Kamakura. Tem hoje uma enorme popularidade sendo uma das principais manifestações culturais e desportivas japonesas. A aula decorreu no ginásio do quartel da polícia de Tsukuba. Para além de nos emprestarem as espadas (uma espécie de cana de bambu), pudémos também vestir o uniforme e armaduras usadas nos combates desportivos de Kendo. Apenas duas horas, logo muito pouco se aprende, mas deu para dar o gosto do que aquilo é. Escusado será dizer que nem sequer vi a espada do instrutor quando fizemos uma simulação de combate. Muito, mesmo muito rápido, se fosse a sério estaria despedaçado em menos de cinco segundos!
Recentemente andei a explorar os subúrbios de Tóquio. Há cerca de duas semanas houve o Tokyo Motor Show. Este certame bianual estava repleto de concept-cars e novos modelos, numa presença massiva dos construtores japoneses, a jogar em casa. Americanos, gigantes como a GM ou Ford, nem vê-los! O tema do certame foi o ambiente e os híbridos. Carros movidos a combustíveis alternativos para todos os gostos - com motores a etanol, a gás, a hidrogénio, híbridos, electricidade, etc...uma imensidão de escolhas. Algumas excitantes surpresas como seja o novo X6 da BMW, um monstro híbrido que certamente vai dar muito que falar. A secção das motas era um tanto pobre. Pouca coisa em exposição e nada de verdadeiramente fantástico. Engraçado foram as novas proposições para veículos motorizados que se mais parecem umas poltronas ambulantes e que fazem a vez de carros para cobrir curtas distâncias. Um conceito engraçado mas de momento não mais do que isso. Muito gente também nos stands da Lamborghini, Ferrari e Maseratti.
Com o fim-de-semana em cheio, e numa perspectiva diametralmente oposta, no dia seguinte fui visitar a Disneylandia de Tóquio. Nunca tinha entrado num destas Megaparques da Disney que na verdade mais parecem cidades de faz-de-conta. Claro, uma imensidão de crianças, algumas vindas de tão longe como a Coreia do Sul. Este parque é um êxito regional! Lá estávamos, uns quantos trintões ali no meio da miudagem....mas não éramos os únicos! Assim foi que passámos o dia a apertar mão ao Pato Donald e companhia. Fui como um retorno à infância!
A terminar as aventuras na capital, fui ver um concerto de, entre outras, Carole King. Uma senhora, autora de clássicos como “You’ve got a friend” ou “It’s too late, baby”. Daquelas canções que crescem connosco e as levamos pela nossa vida fora. Depois do concerto ainda houve tempo para parar no Gonpachi de Roppongi. Talvez o nome por si só não vos diga nada, mas se vos dizer que fui neste restaurante que o Tarantino tirou a inspiração para as cenas de luta de um dos Kill Bill... talvez possam compreender o porque de muita gente, em especial estrangeiros, passar por lá (ao que dizem até o Bush passou por lá!).

Monday, November 12, 2007

Nas grutas de Abukuma

Passou Outubro, está feita a reentrada para aqueles que se regem pelo calendário escolar/académico. Como não podia deixar de ser recomecei o meu curso de Japonês – básico ainda! Mas com a vantagem desta feita de ser gratuito e nem sequer precisar de sair do laboratório. A papinha toda feita, as aulas são no NIMS. Pode ser que quando deixar este pais possa finalmente construir umas poucas frases em japonês. Há umas semanas atrás, participei junto com uma cambada de franceses de Tsukuba, numa jornada de ciência dirigida a investigadores francófonos. Como o tema era geral (desde filósofos a físicos) o interesse foi mais pelo convívio que outra coisa. No entanto, no final do dia, cortesia da embaixada francesa e do CNRS, houve comes e bebes com sabor francês. Escusado será dizer que o vinho era bom e o queijo melhor ainda! E para meu espanto não fui o único tuga que se infiltrou no colóquio!
Nessa mesma semana, no Sábado, um dia chuvoso (tufão a passar ao largo do Japão), houve o passeio anual organizado pela administração da Ninomiya House. No ano passado fomos até Yokohama. Este ano levaram-nos até Mashiko e as grutas de Abukuma. Infelizmente o tempo não ajudou nem um bocadinho – todo o dia a chover por causa do tufão! Mashiko - esta pequena vila é particularmente conhecida no Japão pela qualidade da sua cerâmica e porcelana. Não será pois de admirar que espalhadas pelas várias ruas centrais encontravam-se correntes de vasos, copos, pratos, convidando a entrar nos muitos ateliers locais. Mas por entre chuvas e chapinhancos, ainda pudémos fazer o gosto as mãos experimentado um curso de cerâmica ad-hoc. Hora e meia a amassar barro, dizem que mandam a obra-prima, já cozida, em Dezembro. Abukuma – para lá chegar, precisámos de mais umas 2 horas de autocarro.
A entrada fica situada no meio de uma serra de montanhas impecavelmente arborizadas. Não fosse a bruma que lhes cobria o topo, a vista do miradouro teria sido fenomenal. As árvores começavam a mudar a folhagem e um mar vermelho estendia-se aos nossos pés. O mau tempo motivou-nos a seguir de imediato para o estável clima das grutas. Muitas formações rochosas, na sua maioria de calcário mas longe de serem tão impressionantes como as cavernas marmóreas que visitei em 2006 na Itália. Em suma, saímos de Tsukuba pelas 7 da manha, estávamos de volta pelas 9 da noite. Entretanto mais de 400 km de viagem feitos.