Sunday, December 31, 2006

Buracos na parede


No outro dia fiz mais uma excursão a Tóquio. Desta feita motivado pela Festa de Natal da Oxbridge Society a qual decorreu na International House of Japan, sita em Roppongi. Umas poucas horas de conversa e bufete japonês, com comentários à mistura sobre a contratação de MBAs Eslovacos por parte de companhias japonesas (mão-de-obra qualificada preço da chuva porque para eles aqui fica muito mais baratos que os locais ou outros como europeus ocidentais). Findo o jantar andei a passear por Tóquio e deparei-me com o extraordinário festival de luzes que já falei anteriormente. Palmilhei uns bons km até que finalmente fui-me instalar em Shibuya num daqueles tão estranhos e apregoados hotéis-cápsula japoneses. Estes hotéis foram pensados para os workaholics japoneses aos quais muitas vezes nem tão pouco resta tempo para irem a casa e mudar de roupa! Vêm para aqui, deixam os sapatos na recepção, recebem uma chave e toca de ir lá para cima onde está um buraco que mais parece um gavetão de cemitério e que é o lugar onde supostamente tem de pelo menos tentar dormir. No caso do meu hotel era uma torre de 10 andares onde 6 destes tinham uma dezena de cápsulas cada. Cada um destes “quartos”, que são na realidade uma só peca de plástico moldado, tem toda uma parafernália de equipamento áudio-visual ali ao esticar de um braço. O espaço é pouquíssimo, mal dá para nos voltarmos no colchão (gostava de ver um americano médio, daqueles que adoram BigMacs no McDonalds, a contorcer-se nestas cápsulas!). O positivo da coisa é que está tudo preparado mesmo para o cliente mais incauto - desde escovas de dentes até camisas de executivos. Num dos andares situam-se os banhos públicos. Ou seja, entra-se para uma enorme sala forrada de mosaicos e ladrilhos com uns bancos de brinquedo onde uma pessoa se senta e se lava. Depois do duche, e uns passos adiante, estão dois tanques, um com água a 17 graus e outro com água a 40. Numa sala contígua, a sauna. Passam-se ali uns bons minutos a relaxar. E se isto não for suficiente pode-se sempre ir até à sala onde tem uma série de cadeirões de massagens automáticas. Tenho reparado que estas poltronas são extremamente populares por aqui no Japão. Sentamo-nos e mediante um telecomando podemos seleccionar ciclos de massagens para as pernas, pescoço, costas, etc. tudo ali controlado ao ritmo de um clique de botão. Novas tecnologias e engenhocas! Depois de tanto relaxar pensava que em 5 minutos estaria ferrado no sono. Acomodei-me ao meu buraco, e bem tentei dormir mas não consegui. Toda a santa noite, gente a ir e vir, a ir e vir, um constante vaivém de pessoal, barulho etc. Giro para experimentar uma vez mas uma e apenas uma só vez!

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