Sunday, May 20, 2007

Viagens em primeira classe

Em Banguecoque ficámos apenas dois dias, o suficiente para ver de raspão um dos Palácios Reais e toda uma série de templos budistas. O budismo é de uma forca extrema neste país, estátuas de budas por todo o lado, até no caminho para o novo aeroporto. O nosso grupo era algo especial: muitos ficavam espantados pois éramos cinco investigadores, cada um com a sua nacionalidade e nenhum de nós a viver no seu país de origem – ora pois o multiculturalismo e globalização em acção.
Esta cidade, enorme, não deixa de ser uma interessante versão cosmopolita mas também algo sub-desenvolvida de outras capitais asiáticas. Uma cidade de milhões, com algumas infraestruturas irrepreensíveis, como o moderno e eficaz metropolitano, mas por outro lado o lixo e a pobreza grassam. Muitos farangs, em especial ingleses. Na verdade, por vezes, a Tailândia, em especial nos seus pontos mais turísticos, mais me pareceu uma ex-colónia europeia!
Banguecoque está repleta de irritantes tuk-tuks, um híbrido de motorizada de caixa aberta com táxi; a qualquer esquina, especialmente quando adivinham a presença de farangs (estrangeiros em tailandês), vemo-los surgir a recomendar lojas e sugestões de passeios turísticos (leiam os guias de viagens tipo Lonely Planet todos dizem – evitem os tuk-tuks!). Eles são como as moscas, muitíssimos e insistentes! E senão tivermos cuidado acabamos por gastar uma fortuna nas lojas de amigos, sócios e afins, onde, como por acaso, paramos durante os ditos circuitos turísticos de uma hora. Enfim, o que é preciso é ter muita paciência e negociar todos os preços, ficar bem claro onde queremos ir. Mas mesmo assim acabam por ser caros e os condutores não perdem oportunidades de tentar fazer uns desvios! Pois, queixem-se dos fogareiros! Venham pra Tailândia para ver como é que eles mordem! Isto era preciso guardar o dinheiro para a água e os repelentes de insectos!
Para umas vistas interessantes apanham-se uns barcos, que funcionam como taxis (tipo os vaporetos de Veneza). Por vezes perguntavam-me de onde era. Portugal. Portu-que? Sabe, aquele país ao lado da Espanha, na Europa. Ahhh! Raios, que humilhação! E de pouco valia dizer, o país do Figo (acho que de qualquer forma nestes dias é preciso dizer do Cristiano Ronaldo!). Detalhes aparte, muitos bazares onde se compra todo o tipo de marca e mercadoria pirateadas. Equipamentos de Mai Thai, o boxe tailandês, por toda a parte.


Depois de Banguecoque, dividimo-nos e eu, a Milica e a Chamini fomos para Chiang Mai, sita no norte. Comprámos passagens de comboio em primeira classe com dormida, e pensávamos nós que seguiríamos em compartimentos privados, ar condicionado, o luxo. Qual que! Chegámos e tudo o que nos deram foram uns os bancos que se desdobram para dar lugar a camas, e quanto a compartimentos individuais – nem sonhem - , o ar condicionado era uma ventoinha no tecto! Casa de banho é bom nem falar. E assim estávamos na primeira classe. Uma viagem pela noite fora mas que felizmente, com os meus tampões para os ouvidos e a máscara de noite (as luzes ficaram acesas) ainda deu para dormir uma horas. Chegados a Chiang Mai uma furgoneta do hotel onde ficámos veio-nos buscar. Entretanto, iam-nos dizendo que o campus da Universidade tinha sido cotado como o mais belo de todo o sudoeste asiático. Chegados ao hotel, não nos demorámos e começamos a deambular pela cidade. Ó tristeza! Aquilo mais parecia o Algarve no seu pior. Se Banguecoque tinha o seu quinhão de turistas e estrangeiros, Chiang Mai estava simplesmente apinhada, completamente invadida! Excursões para todos os gostos, bares australianos, ingleses, irlandeses, enfim estão a ver o filme, tipo Portimão ou Albufeira mas sem a praia. Ficámos apenas dois dias mas lá vimos mais uma série de templos (a esta altura já estava farto de tanto templo budista e mais as estátuas que pra lá andam). Numa das noites fomos ver um espectáculo de dança tradicional tailandesa onde também serviram jantar a preceito, típico. Foi o mais interessante da visita à cidade, com as danças das unhas e dos peneireiros, e tudo o mais.
Antes de partirmos, as miúdas queriam por forca experimentar massagens tailandesas. Ora como a maioria ganha em democracia, eu fui também. Ofereceram-nos um pacote de 2 horas: 1 hora de massagem de pés, 1 hora de massagem tradicional tailandesa. Para aqueles que não sabem a massagem a lá tailandesa é obra. Mais parece uma visita ao osteopata! É preciso ter uma certa flexibilidade pois eles puxam-nos e moem-nos e enfim, aquilo as vezes ainda dói e manda uns quantos estalos nas articulações. Mas no fim até que uma pessoa se sente bem. Seguimos de novo para Banguecoque onde no dia seguinte tínhamos de apanhar o avião para Ko Samui, uma das ilhas no Sul.

PS: Dentro de poucos dias estou em Lisboa; parto num tour da Europa por duas semanas – iupi!

Sunday, May 06, 2007

Alô, alô Banguecoque

Ora cá estou de volta das minhas mini-férias. Cerca de 6 horas de avião para cada lado e a Tailândia com um fuso horário de duas horas de diferença em relação ao Japão. Saímos de Banguecoque debaixo de chuva torrencial e aqui voltámos a Tsukuba para enfrentarmos uma irritante chuva miudinha.
Chego feliz de ter sobrevivido aos vorazes mosquitos daquelas bandas – estive a contá-las há pouco, picadas eram 17! E que insectos extremamente insistentes, só esborrachados é que desistiam! Enfim, mesmo picado, enfeitado de bolinhas vermelhas, o balanço é positivo.
Rewind...26 de Abril, chegámos (eu, a Milica e a Chamini) já de noite a Banguecoque, estava um calor húmido, daqueles que não deixa respirar. Esperávamo-nos um aeroporto novo, infelizmente longe de estar acabado, completamente funcional. Apinhado de turistas de todo o tipo, embora se note uma forte presença do clube dos mochileiros, peregrinos modernos à descoberta do sudoeste asiático. Á saída do aeroporto somos, de imediato, confrontados com filas caóticas de coloridos táxis (cor-de-rosa, laranjas, verde/amarelos, cores múltiplas, e espantem-se muito deles movidos a gás! A revolução do GPL está bem mais enraizada aqui do que em muitos outros países do primeiro mundo). Mas mais do que os táxis, aquilo que nos salta aos olhos é a ubíqua presença das imagens do Rei da Tailândia - até à exaustão, ao vómito. E pouco me importa que o considerem como um semi-deus, aquilo é uma doença, mais parece um caso de ditadura de personalidade tipo Turquemenistão. Nas ruas e estradas, amarelos, dourados, vermelhos, algum azul, são as cores dominantes.
Confortavelmente sentados num táxi rosáceo, depois de uma curta viagem de 20 minutos, avistámos o nosso hotel onde o Zsolt e a Ângela nos esperavam. Sito num típico bairro residencial de Banguecoque, escondido num beco quase impossível de encontrar, confundido na imensa desorganização urbana tão característica destas cidades asiáticas, um hotel-pensão aparentemente normal visto de fora, lá dentro todo um mundo diferente. O interior decorado a madeira, corredores que eram autênticos túneis recheados de trepadeiras, os quartos a parecer bungalows de praia (quase podia imaginar o mar ali a poucos metros!). Parece extravagante mas na verdade não chega a sê-lo, pois ali, no meio da cidade, mesmo com noite cerrada, deu para ver a luxuriante vegetação que fazem deste país uma quase contínua selva. Estas composições exuberantes são pois o pão nosso de cada dia na Tailândia. Olá Banguecoque!