Saturday, December 02, 2006

Gastro-gorja

A gastronomia nipónica anda mal representada - os restaurantes na Europa servem conceitos adulterados, pratos de inspiração dúbia e menus em desalinho. Assim nos alimentavam os noticiários esta semana. Parecia que estava a reviver o debate em Inglaterra sobre a qualidade dos restaurantes italianos e como a Secretaria de Turismo Italiana queria controlar todas as casas de pasto no Reino Unido através de certificados!
Europa...a oferta até varia consoante os países mas, a bem dizer, a generalidade dos clientes fica-se pelo sushi e uns potes de sake, né? Nada de muito exótico ou verdadeiramente aventureiro. E depois, uns bolos de arroz com atum cru são estupidamente caros seja em Portugal ou Inglaterra (e ao que parece em Londres podem inclusive vir com uns pozinhos de plutónio misturados – uma variedade russa importada por e para esquivos connaisseurs!).
Comer fora amiúde, aqui em Tsukuba, é uma realidade palpável. Temos os salary-man que, a altas horas da noite, páram por uns poucos minutos para uma refeição a caminho de casa, temos jovens e famílias, casais enamorados ou grupos de estrangeiros estridentes, temos clientes de todos os géneros e feitios. A angústia financeira é quase inexistente – muita escolha (e não estou a falar de McDonalds) e sobretudo barato, pechinchas autênticas para quem vem habituado aos preçários ingleses. Juntem a isto o alívio de não ter de passar pelo eterno embaraço, no fim de cada refeição, com contas feitas, da questão sussurrada: “Já agora, deixamos uma gorja para o empregado ou nem por isso?” Pois, tem de se deixar qualquer coisa assim visível não vão eles pensar que somos uns pindéricos; mas também não exageremos que o bitoque fica caro e o país está em crise....ora, boas-novas, isto aqui pura e simplesmente não existe....não há gorja pra ninguém e prontos!, todos vamos para casa contentes! Não, não é que os japoneses sejam todos uns somíticos, ou um problema de andar a contar centavos - é uma questão cultural. Não se ferem sensibilidades alheias (os empregados poderiam pensar que os estamos a humilhar) nem se passa pela terrível interrogação do quanto se deve deixar (o que para o japonês médio seria um pesadelo). So, no tips!

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